Capítulo 1: O peido que engoliu Detroit
22 de março de 2022, um dia comum em Brasília, exceto pelo fato de que alguém não esperado estava saindo do país.
Vinicius Chavito, vencedor de um concurso de ano novo em sua faculdade, se preparava para ir a uma convenção em Michigan no sul de Detroit, sentado pacientemente aguardando seu voo, outro garoto se senta com ele, também com as malas prontas pra uma longa viagem.
-Você é o outro garoto do concurso né? Eu sou Cam Rahn, eu ganhei o segundo lugar com você.
-Eu sou o Vinicius.
Cam era um asiático, ao que tudo indica um vietnamita, ainda mais pelo jeito de falar.
Enquanto isso em Detroit:
Um grupo de cientistas monitorando o espaço seguem um trabalho árduo e focado, enquanto o chefe de operações anda pela sala preocupado.
-Senhor, a coisa no espaço se moveu de novo, tá chegando mais perto e acelerando. – disse um cientista.
-E as medidas de defesa?
-Todas falharam, o.... como posso dizer, a bunda gigante... segue avançado e vai entrar em órbita rápido. Temos que evacuar a cidade, trocadilhos a parte. – O cientista rebate.
-Não! Amanhã é a estreia do novo acelerador de partículas, o estado gastou bilhões no projeto Detroit, não podemos adiar de forma alguma.
-Como quiser senhor...
Voltando:
Vinicius e Rahn entram no avião, balofoide via uma incrível oportunidade de ver pessoalmente o projeto Detroit, que ia provar definitivamente a teoria das cordas, enquanto isso Rahn estava empolgado apenas por ser sua primeira viagem de avião da vida.
As instruções de sobrevivência são dadas pela aeromoça e todos seguem viagem por longas 14 horas, nesse meio tempo Rahn e Chavito viraram bons amigos, os dois contaram suas histórias de vida e seus gostos comuns em videogames e computadores.
- Então você se mudou do Vietnã de barco com sua família pra argentina e agora vocês vendem peixe no Brasil? -Perguntou balofoide
-Sim, a sorte virou pro nosso lado, meu pai é o maior pescador do litoral do nordeste, daqui uns anos a gente vai ter dinheiro suficiente pra trazer minha vozinha pro Brasil também.
-que loko
O sono vem e todos no avião dormem. O clima frio e o silêncio mantiveram chavito dormindo o resto de toda viagem, sendo acordado por Cam para ajudar a levar suas malas. Vinicius desce as escadas do avião e vai até o saguão principal do aeroporto, lá uma mulher loira de terno segurava uma placa com seu nome e o de Cam, ele caminha até a mulher e mostra sua identificação que a faculdade havia entregado a ele, após verificar as credenciais, a mulher olha pra ele com um tom menos intimidador.
-Você fala inglês ou preciso falar sua língua?
-Não precisa eu falo inglês, só não sei quanto ao Cam.
Cam chega aos tropeços, esbarrando em diversas pessoas. O aeroporto estava mais lotado que o comum graças ao evento do ano, mas isso não parecia um grande problema para ninguém ali, e também não seria para eles.
A mulher os leva para um carro onde um motorista aguarda os três, ela senta no banco da frente e dá sinal para o motorista esperar os dois colocarem a mala no carro, feito isso eles dão partida pelas movimentadas ruas de Detroit.
-Espero que a viagem não tenha sido muito cansativa, a faculdade de vocês pegou um voo bem ruim pra vocês conseguirem descansar. Vamos deixar vocês no hotel e buscar as 23:00 para a abertura do evento, estejam prontos na porta nesse horário ou vamos embora sem vocês. Alguma pergunta?
-Eu tenho. – Disse Cam no banco de trás. – Por que a lua aqui em Detroit é um popozão gigante?
Todos arregalam os olhos com o comentário de Rahn, o motorista começa a repreender o garoto, mas é interrompido por balofoide que olhava a janela.
- Não, não, ele tem razão... Tem mesmo um bumbum bem longe no céu...
O motorista olha para o céu e fica embasbacado com o que vê, parando subitamente o carro perto da calçada e saindo para ver melhor, muitos na rua fazem o mesmo, saindo de seus carros ou casas para olhar a gigantesca bunda no céu. Uma senhorinha liga o celular numa caixa de som bem alta e todos se calam pra prestar atenção no noticiário.
-Hoje as 10 da manhã um fenômeno anormal aconteceu no estado de Michigan, ao que tudo indica uma... bunda gigante apareceu no céu e parece estar em movimento... O governo Americano garante que o objeto está sob controle e não há motivo para preocupações. O astrofísico Brasileiro Jacinto Pinto Aquinorrego calculou a rota de colisão da bunda e afirma que se nada for feito, a bunda atingirá o sul de Detroit em questão de 29 horas. – Diz o jornalista American Willian Bonner.
- Sabe, quando eu vim pra Detroit eu esperava que um popozão me esmagasse, mas não nesse sentido. – Disse Cam.
- Ah não cara.... Mas tá e agora a gente ainda vai ficar por aqui?
A moça responde a eles que irão para o hotel normalmente, uma vez que as notícias afirmavam que o objeto estava sob controle, diferente deles o restante da comunidade que olhava a bunda não manteve a calma, iniciando um estado de caos e desordem pelo local. “vai todo mundo morrer” era uma frase comum ouvida a cada duas ruas. Chegando ao hotel, Vinicius finalmente sente seus músculos cansados relaxarem de uma viagem exaustiva, deixa suas malas no canto da cama e deita um pouco, Cam fica usando o celular enquanto isso. As 19:00 Vinicius acorda, Cam segue no telefone, jogando um jogo de psp.
- Tão dizendo que La bunda é culpa do Doutor Holowitz, e que pode piorar hoje no acelerador de partículas.
- E... sei não, o Gamm e o Davi disse que esse acelerador de partículas nunca foi mechido.
-É? Eu duvido.
Balofoide se levanta, põe novamente seu sobretudo e óculos e vai escovar os dentes. Ele vai então para a sacada e fica observando a la bunda que de fato, estava mais perto do que quando estava de manhã, ligando o celular e mandando mensagem para sua família e amigos ele nota uma noticia interessante, todas as tentativas de ataque a grande bunda no céu até o momento haviam falhado, o sul de Detroit estava evacuando, mas a desordem impediu a eficácia do processo.
Saindo da varanda balofoide escuta um som estrondoso de estourar os tímpanos, um peido águado tão alto que poderia até mesmo despertar Ctchullu de seu sono milenar, o impacto ultrassônico quebrou os vidros do prédio, explodiram a tv e trincaram o lado esquerdo dos óculos de balofoide. O alarme de incêndio dispara, Cam vai ajudar balofoide a sair dos muitos estilhaços de vidro que o atingiu de todos os lados do quarto. Felizmente sem ferimentos graves Vinicius se levanta, caminha até a janela com Cam e percebe que a grande bunda no céu foi ocultada por uma grande e esverdeada massa de gás, que descia rapidamente rumo a Detroit. As ruas estavam praticamente destruídas, prédios inteiros completamente sem vidro, assim como carros e lojas, os estilhaços foram tanto que era possível ver olhando para baixo, uma quantidade enorme de feridos, incêndios também ocorriam pelos incontáveis eletrodomésticos que simplesmente explodiram.
-Santos Deus... -diz Cam olhando para o céu. – Aquela bunda vai matar a gente sem nem pisar no chão...
Os dois olham a cena por uns bons minutos quando de repente gritos e passos aumentam nos corredores do hotel, um diarista abre a porta do quarto com um rosto preocupado.
- Alguém se feriu? Estamos levando os feridos pro pronto socorro, a maioria das ambulâncias tá inutilizada segundo a telefonista!
Não precisamos de ajuda, obrigado. – Diz Balofoide.
- Certo, mas não podem ficar mais aqui em cima, não é seguro. – E o diarista desce as escadas.
Vinicius e Cam vão para os corredores junto a um grupo cheio de pessoas que estão saindo de seus quartos de hotel, no meio do tumulto e da incerteza Cam descobre uma feliz coincidência, doutor Holowitz o famoso cientista que eles veneram ver, estava no mesmo hotel que eles.
-Olha, é o Holowitz.
- É, to vendo. Diferente de você meu nobre colega, eu não acredito em teorias da internet, mas eu acho que ele tá tão calmo assim é meio suspeito.
As pessoas descem a escadaria por um longo tempo, até que por fim chegam ao térreo onde funcionários e familiares levam grupos de pessoas em macas improvisadas para o hospital. No meio do tumulto e das perguntas sem resposta das pessoas, doutor Holowitz anda até o lado de fora do hotel, intrigados com a situação, balofoide e Cam resolvem segui-lo até uma viela onde ele parou, o som de corridas e pessoas gritando dificultava ouvir o que ele estivesse murmurando, quando de repente ele puxa um telefone via satélite. Determinados a ouvir mais, os dois se escondem atrás de um monte de lixo.
-Sim eu sei que isso foi culpa do meu projeto. Diz Holowitz. – Não, veja bem, essa bunda não passou de um erro infeliz que acabou tomando proporções trágicas, mas se me deixarem usar o acelerador novamente agora não precisaremos esperar até as 23:00 com mais fatalidades. Não.... É pois é... Como assim o projeto vai ser repassado pra Chicago? Não... Não podem fazer isso, esses imbecis de Chicago não vão conseguir preparar o segundo acelerador a tempo, as forças armadas não estão dando conta, como fica as pessoas da cidade? – Uma longa pausa se inicia. – NÃO TEMOS 36 HORAS! SE NÃO ME DEIXAREM LIGAR O ACELERADOR HOJE TODO MUNDO DE DETROIT MORRE. Quer saber, chega! Eu sou o chefe de operações desse projeto, eu quero falar com o presidente. Como assim eu não sou mais o chefe de operações? Ele não pode fazer isso comigo, eu sou quase um tesouro nacional, ninguém sabe operar esse equipamento como eu...- Ele começa a bater o pé em nervosismo. – MALDITO BIDEN! NÃO VAI SIMPLESMENTE SE LIVRAR DAS PROVAS DO QUE ACONTECEU AQUI! SABEM O QUANTO EU ME SACRIFIQUEI!?
Holowitz joga seu telefone contra a parede e começa a gritar em frustração, chuta a parede da viela e por fim cai em prantos ali mesmo. Ressentido e abismado com a cena, Cam olha triste para aquela cena e diz:
- O governo vai nos deixar pra morrer, não é?
- Claro que vão, não conseguiram destruir a bunda com misseis e agora vão apagar as evidências do que a gente fez aqui.
- Eu não entendo... você e sua equipe trouxeram a bunda pra cá?
- Não, eu lá sei como essa bunda veio parar no céu, só sei que não é do nosso plano de existência, meus equipamentos analisaram as particular Qwr.
-Partículas Qwr? – disse Cam. – Enfim, você disse que pode reverter, não é? E se colocarmos você dentro do prédio do acelerador? A gente é formado em SI, talvez...
- Vai pra casa japonês... passa o resto do dia com sua família, a gente não entra nas instalações do governo.
-Eu não sou japonês...
Balofoide que nada poderia fazer de repente se lembra de algo, deveria ter posto seu sobretudo para lavar, no entanto, não o fez, o que então significava que o trabalho de sua vida ainda estava em um dos seus bilhões de bolsos quase desnecessários. Ele então apalpa seu sobretudo, e de dentro dele puxa um pen drive, com orgulho e brilho nos seus olhos ele joga para o Doutor. O pen drive tinha uma pequena fita escrita DM-101, Holowitz impressionado se lembra dos projetos selecionados como ganhadores da visita ao acelerador de partículas e esse sem duvidas era o mais notável. DM-101 era a centésima primeira tentativa de criar um decodificador mestre, um programa apto o suficiente para passar qualquer linha de defesa, as bases do programa são feitas desde 1975 como base de espionagem da guerra fria, mas nunca havia alcançado uma versão funcional, pelo menos até agora.
-Isso... Isso pode funcionar, se eu puder entrar na sala de controle do acelerador... Eu posso gerar a partícula Qwr e mandar la bunda de volta de onde ela veio... só precisamos achar um jeito de entrar.
-Precisamos? PRECISAMOS? Eu que não vou invadir um local do governo com militares até os dentes. – Diz Rahn
-Na verdade todos os militares tão voltando de jatinho até o conforto de suas casas agora mesmo... filhos da puta. – Holowitz se levanta, revigorado e de cara inchada. – Vumbora pivete do Decodificador.
Os três estão saindo da viela, quando veem mais pessoas correndo, largando corpos e feridos para trás. Virando, balofoide e seus amigos veem uma grande massa verde de gás se aproximando e engolindo a cidade, prédios estremecem e pessoas sufocam mesmo longe do gás, a única opção a se tomar naquela situação é correr por suas vidas, e ter a sorte de alcançar o prédio do acelerador. O som de trovão começa a surgir, o peido é eminente, desviando pelas ruas os sobreviventes conseguem ganhar algum tempo do avanço peidorrerico, mas é inútil, o horror inominável que se esconde no gás os alcança, tentáculos saem da nuvem sequestrando pessoas de todos os lados, no fim sobra apenas um grupo de 10 pessoas contanto com balofoide, Cam e Holowitz, todos cercados por peido em uma avenida.
- A gente vai morrer! A GENTE VAI MORRER AGORA! MORREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE. – O figurante genérico grita enquanto é puxado por um dos tentáculos.
Holowitz tem um momento de clareza, corre para centro da rua puxando balofoide e Rahn, em seguida se abaixa e começa a tentar remover a tampa do esgoto. Os dois entendem a premissa, e concordam que o peido provavelmente ainda não se alastrou pelo subsolo. Com êxito eles removem a tampa e entram, Holowitz fica esperando para que os outros cidadãos fujam com eles, infelizmente enquanto fogem para os esgotos, todos são pegos um a um, exceto por uma jovem mulher que em seu ultimo esforço ao ser pego pela névoa disforme, joga seu bebê de colo para Holowitz, que sem outra opção pega o bebê, fecha a tampa dos esgotos e foge com Balofoide e Cam. O destino era desconhecido, e a essa altura os perigos também.
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